Abstrato ou concreto? Real ou imaginário? Hoje, sempre que pensamos em ciência ou tecnologia, raciocinamos em termos de situações reais, concretas. Mas o avanço científico está muito associado à abstração e à capacidade de imaginação. Por exemplo, você nunca viu um átomo com os seus olhos. Nem mesmo uma das quatro forças da natureza. Mas, para a ciência, não há dúvida da realidade dessas entidades, que, muitas vezes, são a base para aplicações tecnológicas.
Ela está situada entre nossa percepção e nossa compreensão do mundo. Mais importante: não vemos o mundo como ele realmente é; nós o vemos segundo nossos sentidos. A pesquisa cognitiva revela que imagens, metáforas e histórias são a base de como funciona nossa mente: a origem de nossas intuições e irracionalidade. Assim, para aumentarmos as relações entre as informações, não precisamos de mais informações; é preciso educar nossa imaginação.
A imaginação é a capacidade de pensar livremente, sem as amarras de como percebemos o mundo. Ao longo dos séculos, os humanos foram capazes de construir, em uma base objetiva, uma ‘realidade’ fictícia (por exemplo, a noção de países, dinheiro, empresas etc.). Se há algo que nos diferencia de outros animais é o fato de acreditarmos em ficções e formarmos corporações flexíveis, como ressalta o historiador israelense Yuval Harari (1976). É por meio da capacidade de abstrair ‒ ferramental importante para a ciência ‒ que somos levados a formular problemas de forma correta, aumentando a chance de encontrarmos uma solução.
A livre imaginação é a capacidade de pensar por você mesmo, tendo como base o conhecimento adquirido. É por meio dela que a ciência se relaciona com a filosofia, que é o estudo das questões fundamentais da natureza e da existência humana. Já a ciência tem como objetivo perseguir a verdade, independentemente de onde ela nos leve. Para encontrá-la, precisamos de imaginação ‒ e iguais doses de ceticismo.