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Mistério

O espetáculo do céu agrega os homens de todas as partes do mundo e de todas as épocas. Provavelmente, mais do que qualquer outra realidade, a visão do cosmo serviu de fonte de inspiração e ponto de referência para as diversas culturas ao longo da história.

O redemoinho de sentimentos e questionamentos que experimentamos diante da abóbada estrelada – contemplada em uma noite escura e silenciosa – desperta em nós algo ancestral, a ponto de nos aproximar do mais primitivo de nossos antepassados. O excesso da multidão celeste e sua beleza, contemplados pausadamente, chegam até nós com a força de um anúncio, potente, mas velado, envolto no mistério irredutível da existência do cosmo e das coisas.

Essa experiência, naturalmente, convida os humanos à indagação. Provavelmente, tenha sido parte daquela centelha original que despertou nossa mente não só ao questionamento lógico da natureza, mas também ao maravilhamento meramente racional do mundo – afinal, qual a razão e o sentido da existência das coisas e de nós mesmos?

Essas duas visões embasaram a evolução do conhecimento desde a Antiguidade e nortearam a obra de grandes cientistas e pensadores ao longo da história, como os cientistas Isaac Newton (1642-1727), Galileu Galilei (1564-1642), Charles Darwin (1809-1882) e, de certa forma, Albert Einstein (1879-1955), para ficar em poucos de um sem-número de exemplos.

Ao longo dos últimos 2,5 mil anos, é inegável que a ciência tenha conseguido desenhar um panorama impressionante da história do universo, das primeiras frações insignificantes de segundo até a formação dos primeiros átomos, das grandes estruturas (estrelas, galáxias, aglomerados de galáxias etc.) e a espantosa diversidade da vida à nossa volta.

Porém, esse quadro é ainda parcial. E, talvez, assim permaneça, como defendem cientistas que se dedicam a pensar a área da cosmologia – uma ciência única entre as ciências, pois lida com a totalidade de todas as coisas. Afinal, haverá resposta para perguntas como ‘De onde veio toda a matéria que forma o universo?’; ‘O que havia antes do Big Bang?’, questões com viés fortemente metafísico, mas, sem dúvida, pertinentes.

Nas palavras de Newton: “O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano”.

A sucessão de fatos da história cósmica que a ciência descreveu – principalmente nas últimas décadas – vem ao encontro da intuição humana em busca de sentido para as coisas e os fenômenos, tanto terrestres quanto dos céus. Esse amplo e impressionante cabedal de conhecimento científico revela, em sua essência, profunda harmonia e ordem, as quais formam a base sobre a qual está edificada a realidade – esta, como nas palavras de Einstein, surpreendentemente compreensível ao homem.

A vastidão cósmica nos é cada vez mais conhecida; portanto, próxima e familiar. Mas nela ainda residem os ingredientes que alimentam a inesgotável sede humana por conhecimento: o desconhecido e o mistério. Esse desejo por ampliar fronteiras foi resumido em bela passagem do poeta italiano Luigi Pirandello (1867-1936): "Como é possível que não surja a pergunta, se a Terra está para sempre rodeada pelas estrelas?"

“Mistério é a experiência mais bela que podemos vivenciar. Ele é a emoção que está na base de toda verdadeira arte e de toda ciência. Aquele que não o conhece e não é mais capaz de se maravilhar, de se admirar, é como se estivesse morto: seus olhos estão fechados.”

- Albert Einstein -

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